O Capítulo anterior analisou a Condutividade e a Resistividade elétrica em corrente contínua porque a eletricidade evoluiu a partir da corrente contínua.
Em 1880 Thomas Edson e George Westinghouse, com o suporte técnico de Nicolas Tesla, travaram uma disputa técnico-comercial nos EUA entre a utilização da corrente contínua e a corrente alternada para a geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Essa disputa resultou em duas empresas gigantes; a General Electric e a Westinghouse, e no filme a Guerra das Correntes, cujo trailer se encontra no link abaixo.
Portanto, a descoberta da corrente alternada ocorreu antes da teoria de Drude apresenta no capítulo anterior, e esse capítulo analisa os impactos da corrente alterna na condutividade e resistividade elétrica.
Condutividade Elétrica em Corrente Alternada
Conforme visto em Condutividade e Resistividade I, a Mecânica Clássica associa força a variações de momento da seguinte maneira:
Onde:
-
- Δp é a variação do momento linear;
- F é a força;
- Δt é o intervalo de tempo.
Pode-se reescrever a Equação 1 aplicada ao Elétron submetido a campo elétrico E da seguinte maneira:
Onde:
-
- p é o momento linear;
- τ é tempo de relaxação;
- e é a carga elementar;
- E(t) é o campo elétrico em função do tempo.
Aplicando a Transforma de Laplace na Equação 21, obtemos a seguinte expressão:
Substituindo a velocidade pelo momento linear na Equação 4 da seção Condutividade e Resistividade I, obtem-se a seguinte expressão para a densidade de corrente:
Substituindo a Equação 3 na Equação 4, obtem-se o seguinte resultado:
A partir da Equação 5, determina-se a condutividade da seguinte maneira:
Observa-se que a condutividade depende da frequência da corrente e tende para o valor obtido originalmente por Drude quando a frequência tende a zero.2
Portanto, a condutividade e resistividade elétricas não são constantes como sugeria Ohm, mas dependem da frequência do campo elétrico.
Contudo, o Modelo de Drude desconsiderou os efeitos do eletromagnetismo no Modelo de Corrente Alternada.
De acordo com Faraday e Maxwell, todo campo elétrico variável no tempo gera um campo magnético proporcional também variante no tempo.
Porém, pode-se desconsiderar este efeito neste caso porque ele se torna desprezível para velocidades muito abaixo da velocidade da luz. 3
Além disso, a Equação 2 considera o campo elétrico e a força por ele produzida uniformes ao longo do espaço. Esta aproximação vale para comprimentos de onda do campo elétrico muito maiores que a distância média percorrida pelos elétrons entre duas colisões neste modelo. No caso dos metais, esta condição vale para campos elétricos de frequência inferior à frequência da luz.
Efeito Pelicular
O efeito pelicular consiste no efeito da corrente elétrica variável em forçar o fluxo de corrente para a superfície dos condutores. Esse fenômeno reduz a área de condução da corrente provocando um aumento na resistência elétrica do condutor.
A corrente alternada varia de acordo com a frequência, e a variação de corrente produz campos magnéticos de mesma frequência no interior e ao redor dos condutores. Consequentemente, o campo magnético alternado gerado produz um campo elétrico em oposição à corrente.
Referências
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