Geração no Brasil

” A política energética brasileira se encontra alinhada aos desafios energéticos globais. O acesso à eletricidade é quase universal, e as fontes renováveis de energia fornecem 45% da demanda por fontes primárias de energia, fazendo do setor energético brasileiro um dos menos intensivos em carbono.”

International Energy Agency

A geração de energia elétrica no Brasil se situa dentre as 10 maiores e mais limpas do mundo, mas nem sempre foi assim.

Tudo começou em 1879, com a inauguração da iluminação elétrica na estação Dom Pedro II (Central do Brasil) no Rio de Janeiro. Em 1881, foi a vez da primeira iluminação pública num trecho do jardim do Campo da Aclamação, a atual Praça da República.

Em 1883 começou a funcionar no Brasil a primeira usina de geração no país; uma unidade termelétrica de 52 kW movida a lenha na cidade de Campos no estado do Rio de Janeiro iniciando o serviço público de iluminação na América do Sul. Neste mesmo ano, entrou em operação a primeira usina hidrelétrica em Diamantina, MG. 

No período de 1883 e 1900, a potência instalada no país passou de 61 kW para 10 850 kW, metade hidrelétrica e outra metade termelétrica.

Em 1904, investidores canadenses e americanos criam a Rio de Janeiro Tramway, Light, and Power Company com o objetivo de explorar praticamente os serviços urbanos: transportes, iluminação pública, produção e distribuição de eletricidade, distribuição de gás canalizado, e telefonia. Esta empresa é hoje a Light Serviços de Eletricidade S.A.

A Light iniciou em 1905 os projetos hidrelétricos nos Rios Piraí, Paraíba do Sul, e Ribeirão das Lajes. A primeira usina – Fontes Velha – possuía 24 MW de potência, 20% da potência instalada no país.

Geração de energia elétrica no Brasil

A Figura 1 apresenta a variação anual do PIB e da geração de energia elétrica no Brasil neste século. 

O efeito do racionamento de energia em 2001 provocou uma queda de 3% no PIB, que demorou 2 anos para retornar ao nível anterior ao racionamento.

Os efeitos das crises econômicas em 2008, 2011 e 2015 ocasionaram quedas no consumo de eletricidade da ordem de 6%, 10%, e 5% respectivamente. 

Portanto, economia e energia elétrica caminham juntas, sem energia não há crescimento econômico e sem desenvolvimento econômico não existe crescimento de energia.

Figura 1. Variação do PIB e variação do consumo de eletricidade. Fonte: BACEN e ONS

Matriz Elétrica Brasileira

A Figura 2 mostra a matriz referente à potência instalada atual no país 1. Observa-se que as Fotovoltaicas predominam, mas as Hidrelétricas se encontram na segunda posição, seguidas pelas Eólicas e Térmicas. Esse resultado surpreendente das Fotovoltaicas trouxe desafios para a operação do sistema elétrico.

Figura 2. Matriz da potência instalada no Brasil. Fonte: ANEEL (27/02/2024)

Contudo, a Figura 3 revela que a energia gerada pelas usinas varia ao longo do tempo em virtude das condições climáticas, e a energia hidrelétrica predomina com 72%.

As térmicas ocuparam a segunda colocação até 2022, quando perderam a posição para as eólicas, mas atingiram a participação máxima de 23% em 2014.

Por último, a geração fotovoltaica superou a nuclear e se igualou com a nuclear em 2023. 

Observa-se também que a energia média gerada pelas hidrelétricas, aproximadamente 50 GWm, representa apenas 50% da potência instalada. Por outro lado, esse índice se aproxima de 100% no caso das nucleares.

Figura 3. Geração de eletricidade no Brasil – 2023. Fonte: ONS


Questões Propostas
  1. Por que as fotovoltaicas possuem maior potência instalada mas geram menos energia do que as hidrelétricas?
  2. Por que as térmicas permaneceram em segundo lugar durante tanto tempo?

A Figura 4 mostra a geração de eletricidade em 2023 por fonte. 

Figura 4. Matriz Elétrica Atual

A Figura 5 apresenta a potência outorgada e o número de usinas por fonte em operação no país. As Fotovoltaicas superaram todas as outras fontes em quantida, mas as hidrelétricas preponderam na potência outorgada.

Figura 5. Usinas em operação. Fonte:ANEEL (12/11/2022)

O crescimento das termelétricas, que ocupam a segunda posição, ocorreu após o racionamento de 2001 e evitou racionamentos em 2014 e 2021. 

As Eólicas ocupam a terceira posição em quantidade e em potência outorgada.

Usinas em Construção

Atualmente, 352 usinas se encontram em construção no Brasil totalizando 17 635 MW. Isto representa 8,7% da potência em operação. Este número aumentou em relação a 2020 e se encontra de acordo com o crescimento do mercado apresentado na Figura 1.

As Fotovoltaicas predominam em quantidade e em potência, e as Eólicas cairam para a segunda colocação empatadas com as Térmicas. Isto reflete a política de aumento na participação de fontes renováveis. Contudo, o aumento da geração renovável aumenta o risco de falta de energia.

Figura 6. Usinas em construção. Fonte:ANEEL

Usinas Paralisadas

 A Figura 7 mostra que existem 3471 empreendimentos com construção não iniciada que totalizam 151 900 MW. Esta potência representa aproximadamente metade da potência em operação no Brasil e supera a potência das usinas em construção.

As Fotovoltaicas e Eólicas dominam em quantidade, e as Fotovoltaicas e Térmicas em potência.

Este conjunto de usinas preocupa porque oferecem risco de expansão do setor elétrico.

Figura 7. Usinas paralisadas. Fonte:ANEEL


Exercício Proposto

Analise os dados de histórico da geração de energia elétrica brasileira disponíveis na página do Operador Nacional do Sistema Elétrico -ONS.


Referências