A construção de barragens constitui um dos mais antigos projetos da engenharia civil, e a mais importante dos projetos hidrelétricos.
Todas as grandes civilizações realizaram grandes obras para armazenar água e controlar enchentes. Contudo, cada barragem possui projeto único e peculiar que precisa se adaptar à hidrologia, à topografia e à geologia locais.
Barragens
As barragens se dividem nos seguintes tipos:
-
- Aterro
- Terra
- Rocha
- Concreto
- Gravidade;
- Arco;
- Contraforte.
- Aterro
As barragens de aterro dominam os projetos hidrelétricos no mundo, representando cerca de 83%, e as barragens de gravidade ocupam a segunda colocação representando 12%. 1 Na verdade, os reservatórios das usinas hidrelétricas utilizam mais de um tipo de barragem.
Barragens de Aterro de Terra
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Barragens de Aterro de Rocha
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Barragens de Concreto de Gravidade
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Barragens de Arco de Concreto
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Barragem de Concreto com Contraforte
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Barragens mais altas no mundo
A Tabela [2] abaixo apresenta as barragens mais altas do mundo. Observa-se que o limite de 300m tem sido mantido em todo o mundo.
wdt_ID | Represa | País | Altura(m) |
---|---|---|---|
1 | Rogun | Tajiquistão | 335 |
2 | Nurek | Tadjikistão | 300 |
3 | Xiaowan | China | 292 |
4 | Grand Dixence | Suiça | 285 |
5 | Inguri | Georgia | 272 |
6 | Manuel Torres | Mexico | 261 |
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Maiores Reservatórios no Mundo
A Tabela abaixo apresenta os maiores reservatórios de usinas hidrelétricas do mundo. Observa-se que Serra da Mesa, o maior reservatório brasileiro, ocupa apenas a 17 posição.
wdt_ID | Nome | País | Volume(km3) |
---|---|---|---|
1 | Kariba | Zambia/ Zimbabue | 180.600 |
2 | Bratsk | Russia | 169.000 |
3 | Akosombo | Ghana | 150.000 |
4 | Daniel Johnson | Canada | 141.851 |
5 | Simon Bolivar | Venezuela | 135.000 |
6 | Assuam | Egito | 132.000 |
7 | Bennett | Canada | 74.300 |
8 | Grande Renascença Etiopia | Etiopia | 74.000 |
9 | Krasnoyarsk | Russia | 73.300 |
10 | Zeya | Russia | 68.400 |
11 | Robert-Bourassa | Canada | 61.400 |
12 | La Grande 3 | Canada | 58.200 |
13 | UST-Ilimisk | Russia | 59.300 |
14 | Cutarm Creek | Canada | 58.596 |
15 | Boguchany | Russia | 58.200 |
16 | Kuibyshev | Russia | 58.000 |
17 | Serra da Mesa | Brasil | 54.400 |
Lago Kariba
Maiores Usinas Hidrelétricas
A Tabela abaixo apresenta as maiores hidrelétricas do mundo considerando a potência instalada e a energia gerada.
Nome | Ano | Potência(MW) | Energia(GWh) | País | |
---|---|---|---|---|---|
wdt_ID | Nome | Ano | Potência(MW) | Energia(GWh) | País |
1 | TRES GARGANTAS | 22.500 | 98.100 | China | |
2 | BAIHETAN | 16.000 | 51.500 | China | |
3 | ITAIPU | 14.000 | 98.300 | Paraguai/Brasil | |
4 | XILUODU | 13.860 | 57.120 | China | |
5 | BELO MONTE | 11.234 | 0 | Brasil | |
6 | GURI | 10.235 | 53.400 | Venezuela | |
7 | TUCURUI | 8.370 | 41.400 | Brasil | |
8 | TASANG | 2020 | 7.100 | 35.446 | Miamar |
9 | GRAND COULEE | 6.809 | 0 | USA | |
10 | SAYANO -SHUSHENSKAYA | 6.400 | 22.800 | Russia | |
11 | XIANGJIABA | 6.400 | 30.747 | China | |
12 | LONGTAN | 6.300 | 18.710 | China | |
13 | KRASNOYARSK | 6.000 | 20.400 | Russia | |
14 | NUOZHADU | 5.850 | 23.912 | China | |
15 | ROBERT-BOURASSA, BARRAGE | 5.616 | 37.400 | Canada | |
16 | JINPING 2 | 4.800 | 24.230 | China | |
17 | DIAMER-BHASHA | 4.500 | 19.000 | Paquistão | |
18 | BRATSK | 4.500 | 22.500 | Russia | |
19 | DASU | 4.320 | 0 | Paquistão |
Projeto de Hidrelétricas
O projeto de usinas hidrelétricas requer uma série de estudos envolvendo especialistas de diversas áreas.
A Figura 14 mostra os parâmetros básicos do projeto de hidrelétricas.
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Etapas do Projeto Hidrelétrico
A Figura 15 mostra de forma resumida as etapas envolvidas no projeto de hidrelétricas no Brasil.
A primeira etapa consiste dos estudos de viabilidade necessários para a obtenção da licença Prévia – LP. Nenhum empreendimento pode participar dos leilões de energia sem possuir a LP, mas ninguém realizaria este trabalho sem a certeza de ganhar o projeto ou ter seus custos ressarcidos. Por isso, qualquer empresa pode realizar estes estudos e o vencedor deve ressarcir os custos deste trabalho.
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Inventário e Viabilidade
A Figura 16 apresenta um fluxograma dos estudos de inventário e viabilidade.
A parte inicial do trabalho consiste na obtenção dos dados, cuja quantidade, qualidade e abrangência possuem importância primordial para o sucesso do empreendimento.
A partir de dado, inicia-se a identificação de alternativas da cascata das usinas na bacia hidrográfica escolhida. Uma vez identificadas as alternativas, começa a fase de estudos energéticos para todas elas. Nesta fase, identificam-se os arranjos, potências, custos e impactos ambientais. Finalmente, elaboram-se índices de custo-benefício para cada alternativa considerando a geração de energia e os impactos ambientais.
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Os parâmetros básicos de um aproveitamento hidrelétrico são:
-
- Altura nominal da queda;
- Variação da altura da queda;
- Vazão nominal;
- Área do Reservatório;
- Volume do Reservatório;
- Fator de Capacidade;
- Número de Máquinas;
- Potência Nominal das Máquinas;
- Potência Total Instalada.
Além da geração de energia elétrica, os reservatórios possuem as seguintes funções:
-
- Abastecimento de água para consumo humano;
- Recebimento de rejeitos líquidos;
- Abastecimento de água para atividades agropecuárias;
- Controle de cheias;
- Piscicultura e aquicultura;
- Navegação.
Estas funções, tão ou mais importantes do que a geração de energia elétrica, determinam restrições de operação para a usina. Periodicamente, o ONS informa aos agentes responsáveis pelas usinas hidrelétricas as vazões máximas, as vazões mínimas e o nível operativo para a usina e seu reservatório. Essas restrições obedecem a solicitações da Agência Nacional de Águas – ANA, da Marinha, e de outros órgãos governamentais envolvidos no uso múltiplo da água.
Contudo, atendê-las significa afetar a geração de energia.
A Figura 17 apresenta os parâmetros básicos de um reservatório.
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Define-se inicialmente a cota mínima – NAmin- do reservatório define o seu volume morto, ou seja, o volume que se encontra abaixo da tomada d’água das turbinas.
Esse volume depende dos demais usos da água, tais como abastecimento, piscicultura e navegação, e da queda mínima da turbina. Do ponto de vista de geração de energia, considera-se a cota mínima como a cota da tomada de água mais um valor Δh para evitar a formação de vórtices na entrada da tomada d’água.
A cota máxima operacional – NAmax– define o limite superior do volume do volume útil do reservatório, mas não o volume máximo do reservatório porque ela define a cota máxima para estudos energéticos, mas não para o projeto da barragem. 2
Além disso, torna-se necessário reservar parte do volume útil para o controle das cheias. Para controlar as cheias, torna-se necessário reservar parte do volume útil para armazenar quantidades elevadas durante os períodos de cheias, o nível meta – NAmeta. Este volume é chamado de volume de espera. Do ponto de vista energético, o ideal é o reservatório atingir seu nível máximo no final do período úmido. Desta forma, nenhuma água será vertida. No entanto, o volume de espera deve ser determinado antes do período úmido e, caso não seja utilizado, ele representará uma perda de energia armazenada para o período seco subseqüente. Do ponto de vista de projeto de barragem, existe a cota máxima maximorum – NAmaxmax, que representa a maior cota disponível para a maior cheia. Além desta cota, existe mais um fator de segurança que serve de proteção contra ondas formadas pelo vento para evitar o transbordamento em situações críticas. Esta cota é chamada de cota da crista.
Referências
- NOVAL, P., MOFFAT, A.I.B, NALLURI, C., NARAYANAN, R., Hydraulic Structures, 4a edição, Taylor & Francis, 2007.
- INTERNATIONAL COMMISSION ON LARGE DAMS,<https://www.icold-cigb.org/article/GB/world_register/general_synthesis/worldss-highest-dams>
- MME, CEPEL, Manual de Inventário Hidroelétrico de Bacias Hidrográficas, 2007.