Introdução
A Energia Elétrica possui características, que a diferencia das demais fontes de energia:
- Ela não existe na natureza, exceto, por breves períodos de tempo, nos raios e relâmpagos;
- Ela não pode ser armazenada na sua forma natural;
- Ela não pode ser transportada livremente pelo mundo;
- Mas ela pode ser transformada em praticamente todas as outras formas de energia.
A vida civilizada, como conhecemos atualmente, seria inviável sem ela. A falta de energia elétrica paralisa as indústrias, as cidades, os transportes e as comunicações.
Por outro lado, conforme pode ser visto na figura abaixo, a distribuição não é equitativa no planeta.
Finalmente, por ser invisível e homogênea, é impossível identificar sua origem e, por isso, sua comercialização é feita apenas pelo preço.
PIB x IDH
O Produto Interno Bruto - PIB - é uma importante medida do desenvolvimento econômico das nações, assim como o Índice de Desenvolvimento Humano - IDH - é uma importante medida do desenvolvimento social das nações conforme mostra a figura abaixo.
Não é por acaso que a Islandia possui o maior consumo de energia per capita e apresenta o maior índice de desenvolvimento humano. Brasil e Rússia, praticamente empatados, são os únicos países, do grupo denominados BRICs, no grupo de países com IDH elevado. Contudo, isto nos coloca apenas no distante 70 lugar na classificação do Índice de Desenvolvimento Humano, último lugar no grupo de IDH elevado.
Amartya Sen ganhou o prêmio Nobel de Economia em 1998 com o desenvolvimento do IDH.
A correlação entre o IDH e o consumo per capita é elevado apenas entre os países em desenvolvimento.
Nos países desenvolvidos, o IDH é tão elevado que o aumento do consumo de energia elétrica per capita pouco afeta o índice. Por outro lado, nos países subdesenvolvidos, o IDH é tão baixo que o aumento do consumo per capita, normalmente puxado pelo setor industrial, pouco afeta a qualidade de vida da população.
Como o Brasil se encontra no final do grupo de países com IDH elevado e com um dos menores consumos de eletricidade per capita, o investimento em energia elétrica é estratégico para o progresso econômico e social do país.
Por isso, diversos programas sociais, tais como o Luz no Campo e o Luz para Todos, foram criados para aumentar a utilização da eletricidade por todos e a estrutura tarifária da distribuição reconhece esta importância através da tarifa para consumidores de baixa renda.
Consumo per Capita de Eletricidade
O consumo total de energia elétrica não deve ser utilizado para comparar diversos países porque não leva em consideração as diferenças de população. Por isso, o índice de consumo utilizado mundialmente é o consumo de energia elétrica por habitante, denominado de consumo per capita.
A Figura abaixo apresenta a evolução do consumo de energia elétrica per capita para Argentina, Brasil, China, Rússia e Índia.
O Brasil, Rússia, Índia e China formam o grupo de países denominado BRICs, considerados as futuras grandes potências econômicas.
Devido à relação entre a economia e o consumo de energia elétrica, a análise do mercado de energia nestes países atrai a atenção do mundo.
Observa-se que a Rússia apresenta o maior consumo per capita do grupo. Contudo, ele decresceu a partir da queda do muro de Berlim em 1990 mas voltou a crescer a partir do final da década de 90 em ritmo inferior ao dos demais países.
A China destaca-se pela elevada taxa de crescimento do consumo de energia.
A próxima figura mostra a evolução do consumo per capita médio dos países classificados em três níveis de renda. Observa-se que os países mais ricos mantiveram um crescimento praticamente constante nos últimos 15 anos. Os países de renda intermediária aumentaram o consumo per capita de forma exponencial neste mesmo período. No entanto, os países mais pobres tiveram uma redução no consumo per capita na década de 90 e começaram a crescer a partir de 1998.
Isto demonstra que o ciclo de crescimento econômico mundial provocou o aumento do consumo de energia elétrica per capita em todos os países do mundo.