Carlos Minc: " O país precisa investir no transporte público, nas ferrovias, nas hidrovias e pôr mais biodiesel no diesel"
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Inicialmente, gostaria de afirmar que concordo com as palavras do Ministro Minc; o país precisa investir em infraestrutura, principalmente em logística e energia.
No entanto, atribuir o aumento das emissões de CO2 no Brasil às termelétricas movidas a combustíveis fósseis não é verdadeiro conforme mostrarei a seguir.
De acordo com dados do Banco Mundial, o volume de CO2 emitido pelo Brasil cresceu de 235 milhões de toneladas em 1994 para 332 milhões em 2006.
Isto representa um crescimento de 97 milhões de toneladas por ano, valor 4 vezes maior do que toda a emissão atribuida pelo Ministro à geração termelétrica.
A emissão de CO2 aumentou simplesmente porque o Brasil cresceu. A população cresceu, a economia cresceu e o consumo de derivados de petróleo cresceu.
Voltando à geração termelétrica e assumindo que os dados apresentados pelo ministro estão corretos, ela foi responsável por apenas 4,5% das emissões totais de CO2 no Brasil em 1994 e, mesmo com o alegado aumento de 122%, a sua participação nas emissões totais passaria a ser de apenas 7%.
O Ministro está correto quando afirma que a nossa matriz energética continua sendo muito limpa.
De acordo com a Agência Internacional de Energia em seu relatório Key World Energy Statistics (2008), as emissões totais de CO2 no mundo em 2006 foram de 28 bilhões de toneladas por ano, dos quais o Brasil contribuiu com 332 milhões, que representam apenas 1%.
Considerando que as termelétricas foram responsáveis por apenas 7% das emissões no Brasil, o impacto mundial do setor elétrico brasileiro seria de insignificantes 0,07%.
Por outro lado, os EUA e China são responsáveis por 40% da emissão de CO2 no mundo, conforme mostra o gráfico ao lado.
Além disso, o Brasil é, dentre os BRICs, o país que menos emite CO2 e ocupa o 14 lugar entre os maiores emissores.
Quando comparamos as emissões com o total de fontes primárias de energia consumidas no país (TEPs), os números são mais reveladores.
Enquanto a maioria dos países emite entre 2 e 3 toneladas de CO2 por tonelada equivalente de petróleo, o Brasil emite apenas 1,48.
Quando comparamos a emissão com a geração de energia elétrica, os números são mais reveladores.
Enquanto a maioria dos países emite 1 e 2 toneladas de CO2 por MWh, o Brasil emite apenas 0,85 e, junto com a França, são os países que menos emitem por energia elétrica gerada.
Isto é explicado pelo predomínio da hidreletricidade no Brasil e pela energia nuclear na França.
Além disso, a figura ao lado, apresenta o crescimento da geração de eletricidade no Brasil. Observa-se o crescimento das fontes renováveis, em particular a hidroeletricidade, e diminuição da geração a óleo e carvão.
Portanto, acusar o setor elétrico brasileiro de vilão do meio ambiente por causa das emissões é desconhecimento ou má fé.
Emissão de Gás Carbônico por Termelétricas dobra em 13 Anos
Jornal Valor Econômico - 28.08.2009
O forte aumento da quantidade de gás carbônico (CO2) gerado pelas termelétricas, de 1994 para 2007, foi um dos dados de destaque dentro do quadro das emissões por combustíveis fósseis e processos industriais apresentado ontem pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
Essa modalidade de geração de energia, que emitiu 10,8 milhões de toneladas de CO2 há 13 anos, foi responsável por jogar cerca de 24 milhões de toneladas do gás na atmosfera em 2007. O aumento foi de 122%.
"Nossa matriz continua sendo muito limpa, porque ainda é muito baseada na hidroeletricidade, mas há um aumento significativo das termelétricas. Então, nós temos que agilizar as hidrelétricas, incentivar a eólica (energia dos ventos) e a solar e impedir que continue o aumento das termelétricas, que significará sujar a nossa matriz e torná-la mais cara também", disse Minc.
O estudo das emissões de CO2 , feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), compara os dados relativos à emissão do gás na indústria e no setor de energia.
Minc ressaltou a diferença da relação entre o aumento da geração de energia elétrica no país de 1994 a 2007 e o aumento das emissões de CO2. Enquanto no primeiro a relação foi de 71%, no segundo chegou a 122%. O resultado final foi que a produção de energia elétrica se tornou 30% mais poluente em gás carbônico.
Levando em conta todos os segmentos responsáveis pelas emissões de CO2 , tendo como fonte os combustíveis fósseis e os processos industriais, o aumento foi de 49% e, segundo a estimativa, passou de 225,2 milhões de toneladas para 334,6 milhões de toneladas emitidas.
Outro setor que mereceu destaque foi o de transportes, que, no período analisado, passou de 94,3 milhões de toneladas de CO2 emitidas para 146,8 milhões de toneladas, um aumento de 56%. O meio rodoviário, que, em 1994, representava 88% do total de emissões, em 2007 elevou sua participação para 90%. Já o hidroviário teve queda de 4% para 3%.
"Enquanto outros países estão se encaminhando cada vez mais para outras formas, no Brasil o 'rodoviarismo' não só não diminuiu como aumentou. Isso aponta para a importância de se investir no transporte público, das ferrovias, das hidrovias e mais biodiesel no diesel, mais flex, mais etanol, mais eficiência", avaliou o ministro.
O levantamento, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, tem o objetivo de fornecer estimativas atualizadas das emissões de gases de efeito estufa do Brasil como subsídio para o planejamento de políticas públicas. Além de energia e indústria, também serão feitas estimativas de setores como agropecuária e florestas.